Fotos: João Mindelis Macedo (irmão de Luanda...companheiro dos dias da Barracuda. Saudade "mano".)
Nome: Esplanada da Barracuda
País: Angola
Cidade: Luanda
Saber mais:: www.gpl.gv.ao/index.aspx?flag=turismo; www.cidadeluanda.com
Dizer apenas que “é um tempo único” é velhaca ingratidão. O privilégio de ter vivido esse tempo pelo lado de dentro, de o saber irrepetível, obrigará sempre à recordação revista e aumentada, saborosamente colorida e nostálgica.
Estávamos no início da última década do século passado e Angola preparava-se para a Paz, essa desconhecida. O final da guerra civil tudo prometia. O que antes era dúvida e desespero era agora certeza e esperança. Onde havia silêncio e medo chegava a festa e a imaginação.
Todos nós, camaradas cooperantes, aprendizes do sentir Africano, vivíamos genuinamente solidários na visão idílica e ingénua de um futuro que do passado não tivesse rigorosamente nada porque, nada havia para aproveitar. Frenéticos, em nervosas correrias de automóvel, com a companhia do som quente de Filipe Mukenga ou de Paulo Flores, saboreava-mos a suprema liberdade oferecida pela esperança. Para todo o lado e para tudo, mesmo por nada, percorríamos as ruas de Luanda dezenas de vezes ao dia e, à noite outras tantas ou mais ainda, porque o fim do recolher obrigatório assim o exigia.
Seja a partida, ou a passagem, do Maculusso ou das Ingombotas; da Maianga ou do Quinaxixe; do São Paulo ou da Samba; ou mesmo lá do Rangel ou do Prenda, invariavelmente a ponta da ilha era um destino, um íman, um porto seguro, onde se avistava o mar mais de perto e se colocava os olhos no futuro.
Na ponta da ilha de Luanda - que também é do Cabo desde quase sempre; terra dos Maxiluandas (homens do mar ou homens da rede) que deram o nome à vila de São Paulo de Luanda nascida à volta da baia vizinha – vivia a Esplanada da Barracuda, lugar de encontro de amigos. De todos os amigos ou amigos de todos, porque em Luanda “amigo do amigo meu amigo é”.
A esplanada da Praia da Barracuda, a última antes da ponta da ilha e logo depois da Praia dos Russos, era o corolário de um percurso de catorze quilómetros de praias magníficas, de apelidos sugestivos, imaginativos, folclóricos e algumas vezes mordazes. A esplanada suspendia-se sobre a praia, e abarcava não mais de dezoito a vinte mesas, rijamente disputadas pelos poucos afortunados que podiam pagar absurdamente, até para os padrões Europeus, a eficiência e qualidade de um serviço de restaurante de qualidade máxima, numa cidade onde à grossa maioria faltava o mínimo.
A visão deslumbrante do reflexo do Sol Africano no mar cálido, onde, não raro, se avistavam numerosas famílias de Golfinhos, convidava a mergulhos frequentes ou à contemplação entremeada de conversa fácil. As mais bonitas mulheres de Luanda vinham à Esplanada da Barracuda banhar-se de Sol, preparando a pele para impressionar nas noites da Discoteca do Panorama ou no Pensador.
Ao Pôr-do-Sol, que em África, nas suas cores de fogo vivo, impressiona até os mais distraídos, o cacimbo empurrava-nos para casa, agora já libertos das imagens dos horrores do quotidiano, embriagados de conforto, cegos na esperança que a Paz transforma-se Luanda, a curto prazo e para usufruto de todos, numa grande esplanada virada ao Atlântico.
Estávamos no início da última década do século passado e Angola preparava-se para a Paz, essa desconhecida. O final da guerra civil tudo prometia. O que antes era dúvida e desespero era agora certeza e esperança. Onde havia silêncio e medo chegava a festa e a imaginação.
Todos nós, camaradas cooperantes, aprendizes do sentir Africano, vivíamos genuinamente solidários na visão idílica e ingénua de um futuro que do passado não tivesse rigorosamente nada porque, nada havia para aproveitar. Frenéticos, em nervosas correrias de automóvel, com a companhia do som quente de Filipe Mukenga ou de Paulo Flores, saboreava-mos a suprema liberdade oferecida pela esperança. Para todo o lado e para tudo, mesmo por nada, percorríamos as ruas de Luanda dezenas de vezes ao dia e, à noite outras tantas ou mais ainda, porque o fim do recolher obrigatório assim o exigia.
Seja a partida, ou a passagem, do Maculusso ou das Ingombotas; da Maianga ou do Quinaxixe; do São Paulo ou da Samba; ou mesmo lá do Rangel ou do Prenda, invariavelmente a ponta da ilha era um destino, um íman, um porto seguro, onde se avistava o mar mais de perto e se colocava os olhos no futuro.
Na ponta da ilha de Luanda - que também é do Cabo desde quase sempre; terra dos Maxiluandas (homens do mar ou homens da rede) que deram o nome à vila de São Paulo de Luanda nascida à volta da baia vizinha – vivia a Esplanada da Barracuda, lugar de encontro de amigos. De todos os amigos ou amigos de todos, porque em Luanda “amigo do amigo meu amigo é”.
A esplanada da Praia da Barracuda, a última antes da ponta da ilha e logo depois da Praia dos Russos, era o corolário de um percurso de catorze quilómetros de praias magníficas, de apelidos sugestivos, imaginativos, folclóricos e algumas vezes mordazes. A esplanada suspendia-se sobre a praia, e abarcava não mais de dezoito a vinte mesas, rijamente disputadas pelos poucos afortunados que podiam pagar absurdamente, até para os padrões Europeus, a eficiência e qualidade de um serviço de restaurante de qualidade máxima, numa cidade onde à grossa maioria faltava o mínimo.
A visão deslumbrante do reflexo do Sol Africano no mar cálido, onde, não raro, se avistavam numerosas famílias de Golfinhos, convidava a mergulhos frequentes ou à contemplação entremeada de conversa fácil. As mais bonitas mulheres de Luanda vinham à Esplanada da Barracuda banhar-se de Sol, preparando a pele para impressionar nas noites da Discoteca do Panorama ou no Pensador.
Ao Pôr-do-Sol, que em África, nas suas cores de fogo vivo, impressiona até os mais distraídos, o cacimbo empurrava-nos para casa, agora já libertos das imagens dos horrores do quotidiano, embriagados de conforto, cegos na esperança que a Paz transforma-se Luanda, a curto prazo e para usufruto de todos, numa grande esplanada virada ao Atlântico.
6 comentários:
Deve ser um lugar muito bonito e para bem das pessoas que lá comem a comida tem de ser boa para custar aquele dinheiro todo. Á cerca do blog acho que está muito bom e espero que ele tenha cada vez mais sucesso.
Cumprimentos:Inuyasha
Obrigado f....e.
Rui Pedro Cunha
O Barracuda já não existe, no entanto os golfinhos estiveram lá hoje. Foi uma visão fantástica, que eu nunca tinha tido o prazer de apreciar nos meus já 3 anos em Luanda.
O Barracuda já não existir deixa-me muito triste, mas ficava ainda muito mais se tivessem desaparecido os Golfinhos. Um abraço. Obrigado por visitar os meus LUGARES.
Rui Pedro Cunha
Parabéns pelo Blog.
Consulta arega7.blogspot.com/
Um Abraço,
Paulo Arega
Procurar-te na Rede e encontrar este texto, que me lembro de relatares na altura, é muito bom. Mas estar em Luanda neste momento é incrivel.
Luis Alberto Malhó de Sousa.
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