Nome: Hotel Thermas
País: Brasil (Rio Grande do Norte)
Cidade: Mossoró
Saber mais: http://www.hotelthermas.com.br/, http://www.prefeiturademossoro.com.br/, http://pt.wikipedia.org/wiki/Mossoro,
Não foi na minha primeira vez no Brasil que descobri Mossoró, a segunda maior e mais importante cidade, logo depois de Natal, do Estado do Rio Grande do Norte. Uns anos antes, também por razões exclusivamente profissionais, havia permanecido uma semana no Rio de Janeiro: a cidade mais cantada e encantada, verdadeiramente a “cidade maravilhosa”. Por agora apenas isto, para escrever pouco do muito que se pode acerca do Rio - porque hoje é dia de outras paragens. Magnificas paragens.
Voei directamente de Lisboa para Natal, capital do Estado, e daqui para Mossoró de autocarro. Depois de uma noite mal passada, com o jet lag a incomodar o sono, o mini bus levou-me por cerca de trezentos custosos, quentes e desérticos quilómetros. Ao longo da estrada, nem sempre recta ou plana como a imagem preconcebida do Sertão Brasileiro me fazia crer, diverti-me observando as palavras pintadas nas traseiras de gigantescos camiões, espécie de transatlânticos cruzando mares de pó e terra seca e carregando, muito para além da carga, tiradas filosóficas de obrigatória reflexão. Atente-se apenas nestas: se ferradura desse sorte, burro não puxava carroça; pobre só enche barriga quando morre afogado; marido de mulher feia sempre acorda assustado…
Sabia o suficiente sobre Mossoró e o Hotel Thermas por força do hábito de me documentar antes de viajar mas, apesar de avisado e da noite já ir para velha aquando da chegada, não pude deixar de me surpreender com um calor sufocante sem igual que, mais tarde descobri, obriga até a dormir na rede, disponível em todos os quartos, em razão do corpo martirizado não aguentar a cama. Pelo calor, pela ausência de sono, pela excitação do sentimento de se saber estar a conviver com um lugar único, pela facilidade de encontrar quem como eu tinha o prazer e o gosto de conversar pela noite dentro, pela doçura do momento, a opção foi fácil: usufruir daquele espaço e ser companheiro da noite até o cansaço autorizar. São onze piscinas de água termais em 200 000m2 de jardim, com nomes e temperaturas bem sugestivas: dos japoneses 54º; do sal 50º; da ilha 4 2º; da fonte 34º; do castelo 28º; da cascata 34º; do tuboáguas 28º; playground molhado 28º; infantis 39º; conchas 31º; das tochas 30º; e só não são doze piscinas porque uma delas na fase de construção encheu-se de petróleo em vez de água e deu origem a um poço em plena actividade no coração dos jardins do hotel.
Mossoró é uma cidade pequena para a escala brasileira, duzentas e trinta mil almas que podem e devem orgulhar-se de ter sido aqui, em pleno Sertão, em 1927, que pela primeira vez no Brasil e na América do Sul uma mulher foi autorizada a votar. Se por si só este exemplo progressista não fosse bastante, podem ainda orgulhar-se de os seus antepassados do final do século XIX, 1883, terem soltado todos os escravos antecipando em cinco anos a abolição geral da escravatura no Brasil.
Hoje em dia, um micro clima muito próprio, a capacidade produtiva, empreendedora e inovadora destes Nordestinos permite arrancar a esta terra abençoada quatro colheitas anuais de fruta, em particular melão, manga e melancia. Se a isto juntarmos a produção de 95% do Sal Brasileiro e principalmente os três mil e quinhentos poços de petróleo que coabitam na periferia da cidade, pudemos imaginar que por aqui se pode viver com um padrão arábico. Infelizmente não se vive nesse padrão e dá muita pena que assim não seja. Também aqui, convivendo com todas estas riquezas, os pobres só enchem a barriga quando morrem afogados, as ferraduras não dão sorte e alguns ainda casam com mulheres feias.
País: Brasil (Rio Grande do Norte)
Cidade: Mossoró
Saber mais: http://www.hotelthermas.com.br/, http://www.prefeiturademossoro.com.br/, http://pt.wikipedia.org/wiki/Mossoro,
Não foi na minha primeira vez no Brasil que descobri Mossoró, a segunda maior e mais importante cidade, logo depois de Natal, do Estado do Rio Grande do Norte. Uns anos antes, também por razões exclusivamente profissionais, havia permanecido uma semana no Rio de Janeiro: a cidade mais cantada e encantada, verdadeiramente a “cidade maravilhosa”. Por agora apenas isto, para escrever pouco do muito que se pode acerca do Rio - porque hoje é dia de outras paragens. Magnificas paragens.
Voei directamente de Lisboa para Natal, capital do Estado, e daqui para Mossoró de autocarro. Depois de uma noite mal passada, com o jet lag a incomodar o sono, o mini bus levou-me por cerca de trezentos custosos, quentes e desérticos quilómetros. Ao longo da estrada, nem sempre recta ou plana como a imagem preconcebida do Sertão Brasileiro me fazia crer, diverti-me observando as palavras pintadas nas traseiras de gigantescos camiões, espécie de transatlânticos cruzando mares de pó e terra seca e carregando, muito para além da carga, tiradas filosóficas de obrigatória reflexão. Atente-se apenas nestas: se ferradura desse sorte, burro não puxava carroça; pobre só enche barriga quando morre afogado; marido de mulher feia sempre acorda assustado…
Sabia o suficiente sobre Mossoró e o Hotel Thermas por força do hábito de me documentar antes de viajar mas, apesar de avisado e da noite já ir para velha aquando da chegada, não pude deixar de me surpreender com um calor sufocante sem igual que, mais tarde descobri, obriga até a dormir na rede, disponível em todos os quartos, em razão do corpo martirizado não aguentar a cama. Pelo calor, pela ausência de sono, pela excitação do sentimento de se saber estar a conviver com um lugar único, pela facilidade de encontrar quem como eu tinha o prazer e o gosto de conversar pela noite dentro, pela doçura do momento, a opção foi fácil: usufruir daquele espaço e ser companheiro da noite até o cansaço autorizar. São onze piscinas de água termais em 200 000m2 de jardim, com nomes e temperaturas bem sugestivas: dos japoneses 54º; do sal 50º; da ilha 4 2º; da fonte 34º; do castelo 28º; da cascata 34º; do tuboáguas 28º; playground molhado 28º; infantis 39º; conchas 31º; das tochas 30º; e só não são doze piscinas porque uma delas na fase de construção encheu-se de petróleo em vez de água e deu origem a um poço em plena actividade no coração dos jardins do hotel.
Mossoró é uma cidade pequena para a escala brasileira, duzentas e trinta mil almas que podem e devem orgulhar-se de ter sido aqui, em pleno Sertão, em 1927, que pela primeira vez no Brasil e na América do Sul uma mulher foi autorizada a votar. Se por si só este exemplo progressista não fosse bastante, podem ainda orgulhar-se de os seus antepassados do final do século XIX, 1883, terem soltado todos os escravos antecipando em cinco anos a abolição geral da escravatura no Brasil.
Hoje em dia, um micro clima muito próprio, a capacidade produtiva, empreendedora e inovadora destes Nordestinos permite arrancar a esta terra abençoada quatro colheitas anuais de fruta, em particular melão, manga e melancia. Se a isto juntarmos a produção de 95% do Sal Brasileiro e principalmente os três mil e quinhentos poços de petróleo que coabitam na periferia da cidade, pudemos imaginar que por aqui se pode viver com um padrão arábico. Infelizmente não se vive nesse padrão e dá muita pena que assim não seja. Também aqui, convivendo com todas estas riquezas, os pobres só enchem a barriga quando morrem afogados, as ferraduras não dão sorte e alguns ainda casam com mulheres feias.